Publicado por: Natália Cagnani | novembro 30, 2007

Cultura Social

A busca pela inserção de crianças e adolescentes em situação de rua no meio cultural lançou o projeto Abrindo Horizontes.

Ao andar pela Rua dos Andradas e observar o elevado número dos meninos de rua que se instalavam por ali, o então diretor da Casa de Cultura Mário Quintana, Sérgio Napp, pensou em chamá-los para os arredores da CCMQ.

A partir de uma doação anônima no valor de R$ 700 para a Casa, o traço do projeto ganhou riscos mais fortes, mais delineados e saiu do papel. Em março de 2004, através de um trabalho de voluntariado, a psicóloga Léa Peres Day e a médica Loreta Napp colocaram a idéia em prática com o desenvolvimento do Abrindo Horizontes.

No início, as coordenadoras iam atrás das crianças e dos adolescentes. Logo veio o apoio de instituições sociais. O primeiro parceiro foi o Lar Dom Bosco. Este contato com os meninos de rua começou a ser mais aprofundado com a ajuda de Adriano de Mello. Contratado pelo projeto como mediador, ele ia para a CCMQ de terça a sexta, das 15h às 17h, e, aos poucos, chamou a atenção dos meninos. O principal atrativo era o lanche.

O Abrindo Horizontes começou timidamente, com cinco crianças. Segundo a coordenadora Loreta Napp, elas começaram a procurar a Casa, o que já elevou o número para mais de 500, mas como o espaço é limitado e algumas necessitam de atenção especial, foram encaminhadas a instituições sociais parceiras. Hoje são 70 no total.

“Enquanto as crianças têm algum contato com a família, que eu chamo de uniparentes, outras estão na rua mesmo ou vão para abrigos, mas nem todas gostam pelas regras que devem seguir. Para entrar no projeto, as únicas exigências são não consumir drogas, nem álcool e não portar objetos que possam machucar”, explica a coordenadora.

O projeto conta com apoio do Governo do Estado e patrocínio cultural da Copesul, através da Lei Rouanet. No dia 28 de novembro, a Associação de Amigos Abrindo Horizontes foi oficializada com recebimento de certificado. Com isso, um canal para obtenção de recursos está aberto.

Publicado por: Natália Cagnani | novembro 23, 2007

CCMQ abre novo olhar para o balé clássico

Em meio ao centro de Porto Alegre, prédios modernos se mesclam a construções antigas. Referência no coração da Capital gaúcha, a Casa de Cultura Mário Quintana, é um espaço para ler, ver filmes, dançar. A multiplicidade cultural não pára por aí, oficinas complementam o menu do entretenimento. Para recepcionar seus freqüentadores, toda a fachada de fora da Casa foi ornamentada com motivos natalinos.

“Nós decoramos para receber os visitantes da melhor maneira, como se fosse a sua casa”, avalia o diretor da CCMQ, André Vaccari.

No dia 4 de outubro de 2007, a Casa estreou o Projeto Dança e Sentido com aulas de balé clássico para crianças e adultos com deficiência visual parcial ou total. Vaccari é o idealizador do programa e conta como começou.

“Entre junho e julho, enquanto eu caminhava pela Rua da Praia, vi uma menina cega. A partir daí veio a idéia. Chance para todos. Mais tarde, descobri que São Paulo tinha uma ONG voltada aos deficientes visuais. É muito gratificante” , revela o diretor.

A coordenadora e bailarina Jussara Miranda, com as professoras Regina Célia Tanski e Fátima Azambuja, e a psicopedagoga Joana Amaral, trocam lições com a turma. Jussara revela que a idéia inicial era ministrar a dança contemporânea, mais simples; no entanto, com a prática ela descobriu que deficientes visuais têm mais equilíbrio estático que pessoas com visão normal, e se adaptaram facilmente aos moldes do clássico.

“O talento está em todos, mesmo sem o modelo. Os deficientes visuais são mais seguros, mais sensíveis, têm mais vontade, autonomia e confiança”, confessa a coordenadora. “Além de serem mais perfeccionistas e pontuais”, complementa Fátima.

A maioria dos 15 alunos moram em Alvorada e, toda semana, fazem o mesmo trajeto. O fim da linha do ônibus intermunicipal é perto da Rodoviária, deslocado devido às obras do camelódromo. De lá, a turma vai a pé.

A estréia das apresentações no palco está prevista para a próxima Páscoa, em 2008. Para Jussara, a data representa a experiência entre ela e os alunos. É o renascimento como pessoa, na dança e no novo modo de ver, através dos olhos do coração.

Publicado por: Natália Cagnani | novembro 15, 2007

Super

Entre tantas notícias, veiculadas diriamente, a todo instante, a história da superdotação de um menino de 14 anos que passou no vestibular chamou a atenção. Inclusive, a matéria, além de estar no site do portal G1, foi ao ar durante o Jornal Hoje, pela Globo, deste feriado de 15 de novembro, dia da Proclamação da República.

Direto da Internet e da TV para este blog, porém, reescrita ao molde hipertextual. Até o momento da publicação neste espaço estava entre as quatro mais lidas.

Superdotado de 14 anos passa no vestibular da PUC-PR

Charles Reis Ribeiro não poderá se matricular porque não terminou o ensino médio. A mãe do menino disse que vai tentar garantir a vaga na Justiça.

Divulgação Colégio Bom Jesus

Divulgação/Colégio Bom Jesus

Os alunos superdotados Guilherme (de branco) e Charles (de preto) sempre gostaram de ler

Um estudante de apenas 14 anos passou em 22º lugar no vestibular para o curso de engenharia da computação da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR). Charles Reis Ribeiro, identificado como superdotado ainda criança, atualmente cursa o 1º ano do ensino médio e agora terá de entrar na Justiça para ter o direito de freqüentar as aulas na faculdade.

Isso porque a universidade exige que o vestibulando apresente todos os documentos necessários para efetivar a matrícula e, entre eles, está o diploma de conclusão do ensino médio. A matrícula para o curso de engenharia é na segunda-feira (19) e a família de Charles estuda quais medidas poderá tomar.

Já em Hong Kong, a regra abriu exceção para o universitário caçula, aceito em agosto deste ano apesar da idade, apenas 9 anos. Pouco depois, o aluno já se dizia entendiado com as aulas “muito fáceis”. No México, um menino de 12 anos não se conteve com uma, mas optou por cursar duas faculdades ao mesmo tempo.

A superdotação de Charles foi percebida por causa das atitudes diferenciadas na infância. Antes dos 4 anos de idade ele já sabia ler e escrever algumas palavras. Aos 5 anos, na pré-escola, dava opiniões durante as aulas e apresentava comportamento diferenciado dos colegas. Da 1ª à 4ª série do ensino fundamental, achava entediante as aulas e já sabia de cor a tabela periódica de química – disciplina que não fazia parte do currículo das aulas.

“Ele sempre quis comprar livros e mapas. Adorava decorar os nomes dos países e suas capitais. Não queria brinquedos como os outros garotos da idade dele, como bolas e carrinhos. Quando ele tinha 7 anos ele pediu de presente um dicionário”, contou Fátima Mendes Rissato, 44, mãe de Charles e professora de pintura em tecido. Segundo Fátima, logo depois Charles quis um dicionário de inglês e outro de espanhol. Autodidata, aprendeu o vocabulário das línguas sozinho.

Quando cursava a 7ª série, ainda em um colégio público de Curitiba, Charles foi encaminhado para um projeto chamado “Bom Aluno”, que tem como objetivo incentivar alunos de baixa renda a estudar. Graças ao programa, Charles conseguiu uma bolsa de estudos integral no colégio Bom Jesus, onde ainda estuda.

“Desenvolvi o gosto pela leitura muito cedo e sempre quis me aprofundar nos estudos. Em vez de brincar, preferia ficar em casa estudando. No começo, achava as aulas entediantes porque eu sabia todo o conteúdo. Sofria muito por causa disso, os colegas me zoavam. Atualmente faço terapia e já sei lidar um pouco melhor com a superdotação”, contou Charles, que ainda vai prestar vestibular para ciências da computação na Universidade Federal do Paraná (UFPR) e para engenharia da computação na Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR).

Aprofundamento dos estudos

O professor Júlio Inafuco, gestor do colégio Bom Jesus, disse que há dez anos a escola trabalha com alunos que possuem altas habilidades. Atualmente há 18 estudantes com essas características estudando no local, sendo que dois foram identificados como superdotados: Charles e Guilherme.

“O laudo que atesta a superdotação vem de órgãos oficiais, como a Secretaria da Educação. O Charles tem uma forte tendência para a área de exatas e a principal área dele é a física quântica. Para estimular esses alunos a escola mantém grupos de estudo de aprofundamento fora do horário de aula. A gente cria as oportunidades para essas pessoas se desenvolverem ainda mais”, contou o professor.

Aos 12 anos no 2º ano do ensino médio

Divulgação Colégio Bom Jesus

Divulgação Colégio Bom Jesus

Charles (à dir.) passou no vestibular; Guilherme (à esq.) tem 12 anos e está no 2º ano do ensino médio

Guilherme Cardoso de Souza, 12, também é superdotado e aluno do colégio Bom Jesus. Aos 12 anos, ele cursa o 2º ano do ensino médio e já sabe o que quer prestar no vestibular: química. 

A descoberta da inteligência acima da média não foi por acaso. Aos 2 anos, Guilherme se debruçava na mesinha de casa e lia pequenos anúncios publicados no jornal local. Aos 3 anos aprendeu a escrever. Para conseguir se matricular na escola, ele teve que “esconder” que era superdotado.

“Quando eu estava na 1ª série eu corrigi uma professora quando ela escreveu na lousa. Aí as pessoas descobriram. Passei direto para a 2ª série. No ano seguinte, cursei a 3ª e a 4ª série. Aos 9 anos eu estava na 5ª série e depois de fazer uns testes pulei para a 7ª série”, disse Guilherme.

Guilherme foi aceito na 8ª série do colégio Bom Jesus com apenas 10 anos. “Ele reunia todos os requisitos. Ele veio encaminhado pela Secretaria da Educação, fizemos alguns testes e constatamos que ele era superior aos demais”, afirmou o professor Inafuco.

A vida de superdotado, no entanto, não é simples. “É muito difícil lidar com as diferenças. Na minha sala de aula os alunos têm uma média de 16 anos e eu tenho só 12. Há diferenças físicas e psicológicas, tem coisas que eles acham normais, mas que para mim não fazem sentido. Às vezes me acho estranho, mas procuro sempre conversar com minha mãe e irmãs”, disse.

Uma série de mitos estão relacionados aos superdotados, entre eles o termo ‘gênio’. Entretanto, o talento nem sempre é identificado pelos pais, geralmente, é na escola que as diferenças aparecem.

Segundo Guilherme, os colegas de classe “pegaram no pé” porque ele não assistiu ao filme brasileiro “Tropa de Elite”. “A classificação indicativa é de 16 anos e eu tenho 12. Não fui e não quero assistir”, disse.

Publicado por: Natália Cagnani | novembro 9, 2007

CCMQ em pauta

No final dos anos 70 surgiu toda uma discussão sobre patrimônio cultural. O até então Hotel Majestic foi lembrado durante levantamento de prédios antigos, com o intuito de resgatar e preservar sua arquitetura.

A humanização da área central de Porto Alegre também entrou na discussão e vários prédios foram tombados pelos órgãos do patrimônio histórico.

No ano de 1983, o Majestic foi reconhecido como prédio de valor histórico e, então, teve início a sua transformação em Casa de Cultura. Em 25 de setembro de 1990 a casa foi finalmente aberta.

Considerada um dos pontos turísticos da Capital gaúcha, a casa oferece exposições, apresentações teatrais, cinema, oficinas, restaurantes, além da até então desativada Rádio Web que deve voltar à ativa em breve. A Casa de Cultura Mário Quintana é palco de diversas atividades relacionadas à Feira do Livro e também abre espaço para obras alternativas, como as da Bienal B. E freqüentadores de múltiplas faces.

A intenção é expor o que a Casa de Cultura Mário Quintana pode proporcionar aos porto-alegrenses e aos turistas que chegam à cidade e abordar também a volta da Rádio Web, e as portas ainda abertas do cinema.

Entrevistas com os diferentes freqüentadores, com alguma historiadora, com os responsáveis pela Rádio Web, pelo cinema e pela Casa de Cultura em si.

Publicado por: Natália Cagnani | outubro 19, 2007

Emoções, visual e consciência

Durante coletiva de imprensa realizada ontem, 18, pela manhã, os preparativos, a programação e o novo visual da 53ª Feira do Livro de Porto Alegre foram divulgados.

165 bancas – 26 mil m²

117 Área Geral / 31 Área Infantil e Juvenil / 17 Área Internacional

Elementos antagônicos, dinamicidade e idéia de movimentação formam a nova identidade visual da Feira. Postes, placas aéreas, infláveis, banners, com base no grafismo preto e branco, o mesmo do logotipo. O balcão de informações será remodelado, assim como o acesso à Área Infantil, onde cada setor terá sua própria entrada. Tecnologia iluminando o conhecimento. A Procempa marca presença no encontro entre ciência e cultura.

No Cais do Porto, além da ampliação da Área Infantil, atividades ligadas ao meio ambiente integram a programação, inclusive com um Acampamento de Escoteiros. Para transcender a tradição, o lançamento de um livro de plástico.

Waldir da Silveira, presidente da CRL O presidente da Câmara Rio-Grandense do Livro (CRL), Waldir da Silveira, destaca o Quintal do Inventor, espaço de demonstração de tecnologias da bioconstrução, e o Túnel das Sensações, do Greenpeace, com representações dos impactos das mudanças climáticas.

Paralelamente, no Memorial do RS, o Planeta em Conserto trará discussões sobre meio ambiente, ecologia, bioética, entre outros temas.

Antônio Hohlfeldt, patrono da FeiraO patrono, Antônio Hohlfeldt, ressalta o papel social da Feira que não se delimita apenas aos arredores da Praça, mas se estende a visitas a escolas da periferia e a hospitais infantis, no setor de hemodiálise. Livros àqueles que não têm acesso.

Nesta edição, a Área Internacional não contará com país homenageado. No entanto, concomitante à Feira do Livro de Santiago, Chile, onde o Brasil é o país homenageado, será realizada uma videoconferência com a ministra da cultura chilena.

Em relação ao desaparecimento do livro da escultura na Praça da Alfândega em homenagem aos poetas Carlos Drummond e Mário Quintana, a CRL salienta que o material será reposto dentro do Momento Anti-Vandalismo, em solenidade na Feira do Livro.

Publicado por: Natália Cagnani | outubro 19, 2007

Construção do saber

Emoções

53ª Feira do LivroTodas as emoções estão aqui. Com este slogan, a maior feira literária a céu aberto da América Latina retorna à capital gaúcha. Quem caminha pelas ruas do centro da cidade já nota a mudança gradativa do visual que promete surpreender os visitantes.

A 53ª Feira do Livro de Porto Alegre acontece de 26 de outubro a 11 de novembro deste ano.

TrabalhoMartelo, grampeador, furadeira, produzem um som peculiar que ecoa pelos arredores da Praça da Alfândega. Desde o dia 4 de outubro, 250 operários trabalham na montagem da Feira do Livro. Estruturas metálicas e pedaços de madeira estão espalhados em volta.

Lonas“As obras estão bem adiantadas, e já estamos na fase de construção dos estandes. Até 25 de outubro, um dia antes da abertura oficial, estará tudo pronto”, destaca o engenheiro responsável, Eduardo Milano.

Para chegar até a feira literária não é difícil, fica bem no coração da cidade, onde os livros são apenas o início do passeio cultural. É só traçar o roteiro, consultar o mapa e aproveitar a viagem.

Publicado por: Natália Cagnani | setembro 22, 2007

Web Pilchada

O 20 de setembro não pára por aí. Seu anfitrião não poderia deixar de ser mencionado aqui. A Prefeitura de Porto Alegre, através da Secretaria Municipal da Cultura e em conjunto com o Governo do Estado, é a responsável pela promoção do desfile e também ilustra a Semana Farroupilha de forma virtual.

O site é totalmente temático, diga-se de passagem que está pilchado a la Web, com direito à símbolo – três cavalarianos, carregando lanças com bandeiras, e, ao fundo, o famoso pôr-do-sol do Rio Grande do Sul. Pelo endereço eletrônico, osususários têm acesso ao banco de imagens, com fotos, e ainda informações sobre os serviços prestados, localização, histórico e atividades programadas, com seus respectivos horários e datas.

Mudando rapidamente o foco para o jornal, mas, claro, sem deixar a Web. Na coluna do jornalista Antônio Carlos Macedo, publicada hoje no Diário Gaúcho impresso e virtual, ele relata um torpedo enviado por um leitor. Ali há uma manifestação crítica referente ao significado de se celebrar a Guerra dos Farrapos. Para o leitor, o 20 de setembro remete a uma derrota sofrida pelos gaúchos que fracassaram ao tentar separar o Estado do Brasil. Porém, deve ser dito que se entende a comemoração não pela batalha em si, mas pelo modo como os galdérios lutaram bravamente a fim de defender aquilo em que acreditavam.

No interior do Estado, as comemorações também não cederam lugar ao mau tempo que ameçou durante todo o dia. Em alguns locais, a chuva participou da festa, mas não esfriou o coração dos gaúchos. Estas manifestações não alcançaram uma repercussão tão grande como na Capital, apesar de Alegrete ser considerada a cidade com o maior movimento de 20 de setembro. Segue uma amostra do gostinho de desfilar pelo Rio Grande, no vídeo, Ijuí encanta com suas prendas.

Seja na mídia impressa, seja na TV e na rádio, ou através da Web, o 20 de setembro não tem fronteiras. Cuia, bomba e erva na mão. Na foto abaixo, nem mesmo os olhinhos puxados resistem a um bom chimarrão.

Assim se Movimentou o Gaúcho                                Ivo Gonçalves / PMPA

Publicado por: Natália Cagnani | setembro 22, 2007

Tchê na Web

Novidades e tradição marcaram a homenagem ao 20 de setembro. O orgulho gaúcho venceu o mau tempo que acometeu quase todo o Estado e foi às ruas para acompanhar o desfile que celebra a batalha travada durante a Guerra Farroupilha pelo separatismo. É comum assistir pela TV ou ouvir notícias através da rádio. E como a data apareceu na Web?

Data Simbólica               Ivo Gonçalves / PMPA

Em Porto Alegre, uma mudança. O desfile, antes realizado na Avenida Loureiro da Silva (Perimetral), neste ano, fez sua estréia na Edvaldo Pereira Paiva (Beira Rio). Na véspera da comemoração, a mídia também passou por uma inovação, um novo meio para relatar como os gaúchos marcaram presença massiva, apesar da chuva.

Como era de se esperar, a TV transmitiu ao vivo, entretanto, a Web não ficou para trás. A zerohora.com entrou no ar e no clima gaudério. Os sites fizeram, cada um a seu estilo, uma cobertura especial, abordando desde o histórico até enquetes com a participação dos internautas.

O destaque vai para as fotos, principalmente na ZH On-line, recheada de imagens que remetem a momentos do tradicionalismo gaúcho e da paixão pela pátria. O apelo visual, ou melhor, temático, marca presença e faz jus à data. Não só a fotografia, como também a linguagem inserida familiariza os usuários com o 20 de setembro – a exemplo da pergunta “Tu sabes falar gauchês?”, para testar conhecimento de expressões gaudérias, e no link “Te aprochega: passeio virtual”, que mostra um mapa de toda a estrutura do Acampamento Farroupilha.

Agora, aquele conceito de “arquitetura da participação” e de “inteligência coletiva“, enfatizados por Tim O’Reilly em artigo referente à Web 2.0, entram em cena com maior evidência. Leitor-Repórter é um espaço interativo e dinâmico criado para que o público da ZH colabore, enviando textos sobre algum fato que tenham registrado, além de fotos, arquivos de áudio e vídeo.

No ClicRBS, esta concepção segue um modo mais linear, focado na parte textual. Embora faça parte do Grupo RBS, a abordagem do mesmo assunto seguiu um trajeto diferente. Um banner com tema alusivo à Semana Farroupilha aparece no topo da página e indica o caminho para mais informações sobre o evento. As imagens recebem destaque menor, enquanto o número de chamadas com as respectivas notícias tomam conta de quase toda a página. A tela do computador é pequena para tantos links.

Os temas e assuntos mantêm o padrão da ‘colega’ Zero Hora, no entanto, a linguagem já mostra distinções. O Clic sugere uma leitura mais delineada aos moldes do convencional, onde o vocabulário gauchês se mostra tímido. As matérias referentes à data são mais fresquinha em comparação ao jornal on-line.

Publicado por: Natália Cagnani | setembro 21, 2007

Matrix da Web

Que a Web foi uma revolução, ninguém duvida, no entanto, há muito mais na geração World Wide Web do que o clique do mouse pode acompanhar. Durante uma conferência de brainstorming, um conceito dentro do colapso ponto-com abriu janelas para novas descobertas. É aí que o termo Web 2.0 começa a se delinear.

Até aqui tudo bem, mas o que vem a ser Web 2.0? Tim O’Reilly, em seu artigo “O que é Web 2.0 – Padrões de Design e Modelos de Negócios para a Nova Geração de Software”, define a ‘ferramenta’ como um conjunto de princípios e práticas que interligam um verdadeiro sistema solar de sites. Em outras palavras, reforça a troca de informações e permite maior participação dos usuários como colaboradores, tanto de sites, como de serviços virtuais. Um ambiente dinâmico e interativo formado por uma “inteligência coletiva”, cuja mentalidade migra à reutilização e ao insight, “inovação na montagem” .

Um novo software? Não, mais que isso, um infoware. Para ilustrar o que é dito por O’Reilly, nada melhor que ‘ver’ o Web 2.0 em ação. Muitos sites considerados pop compõem este novo conceito, como o Wikipedia, um tipo de enciclopédia virtual em que todos os usuários têm acesso para acrescentar e editar conteúdo. Mas, sigamos pelo caminho menos convencional.

Pandora, radio from the Music Genome Project, funciona como uma caixa (por isso o nome) de músicas virtual, onde o usuário pode procurar por cantores(as) e canções, além de compartilhar seus gostos com outros internautas. O ambiente em inglês também conta com vídeos e blog. PandoraPandora

Só para complementar, mais um exemplo de serviço Web 2.0, o Pegasus News disponibiliza aos usuários as últimas notícias do mundo e, após um cadastro, o site filtra assuntos e eventos, desde artes a esportes, de relevância local conforme o perfil.

Voltando ao texto de O’Reilly para entender melhor essa diferença entre uma geração e outra, se o Netscape está para a Web 1.0, a que, teoricamente, mais conhecemos, o Google está para a Web 2.0 na mesma proporção. A primeira surge de uma relação comercial de servidores a navegadores, enquanto a segunda age como um intermediador capaz de gerenciar o banco de dados e oferece um serviço aos seus usuários, e mais, a chance de serem contribuidores. A definição de O’Reilly para tal é “arquitetura de participação”.

Tim O’Reilly chama a atenção para o monitoramento em tempo real desta segunda geração do World Wide Web que sinaliza para a criação de um jornalismo comunitário. Ele também traz, mais ao final, algums dicas para a manutenção eficiente da Web 2.0.

Para finalizar, o texto traz uma tese interessante do investidor Paul Kedrosky. Ele defende que o sucesso dos investimentos parece ir contra a maré dos consensos, em que o privado se tornou público. A idéia é discordar para construir algo além e acima da proposta atual. Está aí, talvez, a verdadeira origem da Web 2.0.

Assim como Matrix, a Web 2.0 é um ‘universo’ paralelo, onde a interação é a única regra. “O serviço fica automaticamente melhor quanto mais forem os usuários que de se utilizam”. Princípio chave da Web 2.0 segundo O’Reilly.

Publicado por: Natália Cagnani | setembro 1, 2007

Globo.com sob a ótica de McLuhan

Através dos olhos de Marshall McLuhan, a recente mudança no visual do portal de notícias, Globo.com, ou melhor, a reforma pela qual passou seu ambiente comunicacional, prova que o meio funciona com uma gramática própria, provida a partir das características do meio que alimenta. A nova forma gera processos de significação distintos àqueles motivados anteriormente. Antes…

A coluna localizada no lado esquerdo da tela, formada por links que direcionam o internauta para cada setor de determinada aba (Notícias, Esportes e Entretenimento), agora é monocromática. No antigo site da Globo.com, cada área específica era detentora de uma cor correspondente – vermelho, verde e laranja, respectivamente. Agora, o destaque aparece no título e, em contrapartida, quando o mouse é colocado sobre uma das palavras, um quadrado com a relativa cor simbólica se forma ao redor. A fonte apresenta corpo maior.

Em relação ao formato, a nova interface ficou mais limpa, o que passa a enfatizar a mensagem dentro do meio. As notícias principais do site ganharam visibilidade e, além de texto e imagens, também vídeo. Com o meio mais claro e menos poluído, outros serviços, como o plantão (últimos fatos do momento postados pelos repórteres) e a programação da emissora, foram disponibilizados no lado direito da tela. O meio produz efeitos ao conteúdo da mensagem. A forma, segundo McLuhan, informa o conteúdo e o meio condiciona a mensagem, recheada de significados. Depois…

O espaçamento entre as notícias é maior, tem mais notoriedade. Se o meio é a mensagem, embora apresentem o mesmo conteúdo em ambos os sites, para McLuhan, a mensagem seria diferente. A inovação passou por um processo de estratégia midiática, em que o uso de recursos reforça a ênfase desejada pelo veículo. A tecnologia (meio) age como linguagem.

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